Gosto muito de ir a shows. Vou tanto quanto meu dinheiro e tempo permitem, ou seja, muito pouco. Mas sempre que tem um show bacana pra ir que caiba dentro do orçamento e que não seja do outro lado do mundo, lá vou eu assistir. Às vezes vou a alguns meio fora do orçamento ou em lugares meio fora de mão mas, é o que alguns dizem sobre viagens e eu digo sobre shows, é um ótimo investimento de tempo e grana. Então as exceções, quando acontecem, se justificam.
No início de 2020 soube que a turnê do Blaze Bayley passaria aqui pelo Rio e, lógico, garanti meu ingresso tão logo quanto pude. Alguns que me conhecem a algum tempo e sabem que eu já assisti alguns shows dele — 4 no total, contando com esse do dia 16/01 — me questionariam “Blaze Bayley de novo?”. Os que me conhecem há mais tempo não se atreveriam a fazer essa pergunta.
Seu show é sempre uma experiência diferente, pelo menos pra mim. Blaze tem um enorme carisma, tão grande quanto sua poderosa voz, que, aliás, só melhora com o tempo.
Dessa vez ele veio para tocar músicas dos álbuns X-Factor (1995) e Virtual XI (1998) da época em que era frontman do Iron Maiden e seria a primeira vez que eu assistiria um show dele sem os meus amigos do The Best Maiden, banda de apoio de Bayley na América Latina nas turnês anteriores. Confesso que fiquei um pouco apreensivo e até um pouco chateado, afinal, uma das coisas legais de ir aos shows do Blaze sempre foi a oportunidade de rever esses amigos, no palco e fora dele.
Desnecessário dizer que o público foi ao delírio com “Sign of the Cross”, “Judgement of Heaven”, “Futureal”, “The Clansman”, “Como Estais Amigos”, pra citar as mais conhecidas, entre outras, sempre entremeadas por um refrão cantado espontaneamente pelo público “Olê, olê, olê, Blaze, Blaze…”. O público e o ex-Maiden eram um só naquela noite.
Faltando duas músicas para o fim, como sempre faz, Blaze avisa que ao término do show ele não vai para o seu hotel luxuoso ou para o camarim, mas que irá para área do merchandising (em shows anteriores era pro bar) para tirar fotos e dar autógrafos para quem quiser. “Free meet and greet” nas palavras dele. E com toda a paciência do mundo, atende um a um. A única coisa que ele não faz é falar com as pessoas ou, se o faz, faz bem baixinho e com poucas palavras, mas sempre com simpatia e cortesia. Afinal, depois de mais de uma hora cantando e tendo show no dia seguinte, sua voz tem que ser poupada.
Absolva
Agora vamos voltar um pouco no tempo, para o show de abertura. Ao contrário de um amigo que encontrei lá no show, eu não havia escutado previamente o som da banda de abertura, o Absolva. Pra ser sincero, mal sabia o nome da banda que iria tocar e nem havia me tocado que os integrantes dela formavam também a banda de apoio do Blaze Bayley. Como falei anteriormente, estava um pouco desapontado pelo fato de ser outra banda a acompanhá-lo e, talvez por conta disso, tivesse dado pouca importância para saber quem eram.
Imagine a cena: eu havia acabado de chegar e vi que os caras estavam já no palco para o início do show. Minha única expectativa naquele momento era de que a cerveja que eu havia acabado de comprar estivesse gelada o suficiente.
Tem início o show do Absolva e em poucos minutos eu fui arrebatado. Imediatamente mandei uma mensagem pra turma aqui do PodCaverna falando pra eles procurarem e escutarem a banda. Eu precisava compartilhar aquilo com mais alguém (o amigo que citei acima, só o encontrei no meio do show). Não consigo nomear as músicas, nem a ordem delas. Eram todas inéditas pra mim. E mesmo assim todas reverberaram muito na minha alma. Quem me conhece sabe como eu sou criterioso com música — ou, na melhor definição, sou chato pra cacete. Dificilmente algo me pega assim de primeira. Na maioria dos casos, preciso ouvir muito alguma coisa para me convencer se vale a pena adicionar ao Spotify. O Absolva foi uma das grandes exceções, já ganhou lugar de honra em minhas playlists que, pra mim, são sagradas.
Antes de indicar algumas canções, quero falar um pouco mais sobre a banda. Originária de Manchester, Reino Unido, foi formada em 2012 e seus integrantes atuais são o vocalista e guitarrista Chris Appleton, seu irmão, o guitarrista Luke Appleton (que também é baixista do Iced Earth), o baixista Karl Schramm e o batera Martin McNee. Todos músicos de primeira linha. A performance da banda foi impecável e me atrevo a dizer que a voz do Chris é melhor ao vivo do que em estúdio. Por falar nele, o vocalista, ao tocar sua Gibson SG, não segura apenas harmonias, mas, como diz meu amigo Eloisio, o cara é o catiço tocando guitarra. Fiquei muito impressionado com suas performances e seus timbres. Quando tive a oportunidade, lhe disse que quando eu crescer quero tocar como ele.
Aliás, falei com todos da banda. Todos muito simpáticos e gentis. Falei num inglês meio the-book-is-on-the-table, mas foi o suficiente para conseguir dizer que fiquei muito impressionado com o som deles e que assim que eu pudesse, divulgaria pra todos os amigos. E é isso que estou fazendo aqui agora.
Então não perca mais tempo, acesse seu aplicativo de música e procure pelo Absolva. Contrariando aquele amigo ranzinza e saudosista do Facebook que diz que “hoje em dia não se faz mais nada de bom”, o Absolva vem para mostrar que o Heavy Metal britânico está em boas mãos. Vou deixar aqui algumas indicações de músicas que gostei muito. Mas vá além delas porque a banda tem muita coisa boa!