Com tantas novidades surgindo nessa virada de década, tem momentos que fica difícil acompanhar tudo ao mesmo tempo. Uma das coisas que consegui pegar nessa maré de novidades foi esse mangá espetacular, verdadeira pérola dos mares: Children of the Sea – do mangaka Daisuke Igarashi. A obra já tem uma certa idade: originalmente publicada em 2007, finalmente chegou ao Brasil pela Panini em 2018, em edição trimestral. Eu já estava devendo essa resenha há um tempo, chegou a hora!
A capa dos volumes desse mangá é a primeira coisa que chama a atenção, a arte é completamente diferente de muita coisa que já vi. Três crianças no fundo do mar, rodeadas de peixes com um traço muito original e diferente. Como fã de Black Sabbath, amei o nome da obra e não resisti ao seu feitiço (existe uma música com o mesmo título no meu disco favorito da banda – Heaven and Hell, 1980). Folheando o primeiro encadernado, fui ficando cada vez mais impressionado com o nível de detalhes nas cenas marítimas e na expressividade dos personagens.
Tudo começa com uma embarcação velejando, uma senhora começa a contar para seu neto um pouco de sua história vida, envolvendo os espíritos do mar. A pegada é bem misteriosa e o capitulo encerra sem dar muitos detalhes, mas a gente já tem uma ideia de que essa moça tem algum conhecimento a mais sobre a realidade dos oceanos e de seus mistérios.
O próximo capitulo é um depoimento de um pescador que conta ter visto crianças nadando e se comportando como peixes nas profundezas e termina com ele dizendo que existe um monstro no mar. Entre os capítulos, aparecem vários pequenos textos falando sobre a conexão dos mares e dos céus. Já dá pra ter uma ideia para onde o autor estava mirando com esse conceito, parece ter inspiração forte vinda do grande H.P Lovecraft.
Logo depois disso somos introduzidos à personagem Ruka, uma jovem que é filha de pais separados. Seu pai trabalha em um aquário e é envolvido em diferentes pesquisas sobre o oceano. A menina tem um temperamento difícil, é sempre muito energética no verão e descreve a sensação de estar sempre muito leve nessa época do ano, quase como se fosse um superpoder. Em poucas páginas fica claro que existe uma conexão dela com a natureza (meio ambiente, aliás, é um tema muito recorrente nas obras de Daisuke, o cara é apaixonado pela natureza). Numa das visitas de Ruka ao aquário em que seu pai trabalha ela vê um peixe com uma espécie de aura o envolvendo e aquilo chama a atenção da menina. Voltando para sua casa, ela comenta várias vezes sentir a falta do mar e como a sua ausência a dificulta andar pelas ruas de Tóquio. Em um momento de sua caminhada para casa, ela chega próximo de uma ponte que dá vista para o mar e vê um menino contemplando o céu. O menino estava com um par de óculos para nadar em sua cabeça e mergulha. O jovem nada por um tempo e depois retorna para dizer que aquele mar parece um brinquedo quebrado. Ruka fica completamente confusa e o ajuda a subir em terra firme. Enquanto o menino está se secando, a mesma aura que Ruka viu no aquário envolve aquele rapaz. O que estaria acontecendo ali? Finalmente, ele se apresenta como Umi.
A cada capítulo e a cada volume a história só vai mostrando mais e mais ao que veio. Igarashi tece diferentes comentários ecológicos e espirituais sobre a forma que tratamos os nossos maiores tesouros: a água, os mares, os oceanos.
Children of the Sea é uma obra muito completa, traz uma beleza complexa e detalhada, uma ótima história, uma bela mensagem e personagens muito interessantes.
Essa é mais uma daquelas recomendações do meu amigo, Halph! Um salve para você, meu velho! Sempre me passando ótimas dicas! Venho aqui repassar essa recomendação para vocês: vale muito conferir esse mangá e sua versão anime que estreou em 2019, dirigido por Ayumu Watanabe e produzido por Eiko Tanaka, com produção de animação do Studio 4 ° C!
Mergulhe nesse oceano cheio de reviravoltas e mistério!