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Chegou 2020, o ano que marca o fechamento de uma década muito importante no mundo dos games.

Em 2009 a empresa From Software, já com um catalogo de jogos bem conhecidos como Tenchu e King’s Field, lança um jogo que na época não ganhou muita atenção devido ao marketing ruim investido nele, mas que se tornaria bem reconhecido depois: Demon’s Souls. Hidetaka Miyazaki, um membro da empresa que estava com uma ideia de desenvolvimento de história, personagens e mundo muito a frente de seu tempo, acabara de ganhar uma chance para desenvolver este jogo.

Lançado com exclusividade para o Playstation 3, Demon’s Souls foi espalhando seu sucesso através do boca a boca. Era um game com uma jogabilidade trincada, pesada. Personagens NPC, em sua grande maioria, rudes e não muito dispostos a ajudar o jogador. Cada morte de seu personagem era punida com um modo de o mundo se comportar diferente e cada vez mais difícil e complexo, inimigos mais fortes e invasões. As invasões eram o multiplayer do jogo; um jogador do outro lado do mundo podia entrar no seu game e simplesmente trollar você o quanto ele quisesse até ser derrotado. E ainda por cima, ao morrer, seu personagem perderia todas as “souls” coletadas, que seriam seus pontos de experiência para evoluir e melhorar armas. Nesses casos, o jogador deveria voltar até o local onde havia perdido seus pontos e tentar recuperá-los, com a barra de vida cortada pela metade!

Claro que nem tudo no jogo era uma desgraça! Você podia pedir ajuda de outros jogadores que poderiam entrar no seu mundo e te ajudar até o boss de determinada área. Mas, e os recursos? Escassos e caros. Tudo isso fez a fama de Demon’s Souls crescer como um jogo popularmente difícil e “quebrado”.

Contudo, o tempo foi passando e o jogo começou a ser muito aclamado pela crítica. As vendas foram boas e o game ainda ganhou prêmio de melhor jogo do PS3, melhor RPG e melhor mecânica online. Hidetaka Miyazaki foi promovido e estava à frente da direção do próximo jogo: Dark Souls.

Por que foi necessária essa introdução? Pois sem Demon’s Souls, Dark Souls jamais existiria e jamais teria feito um sucesso ainda maior do que aquele que havia sido apenas o “test drive”.

Em 2011, a From Software lança Dark Souls, um jogo que muitos acham que tem conexão com seu precursor, mas não tem. A única coisa que ambos compartilham é a mecânica e jogabilidade. Dark Souls pegou tudo o que havia de bom (e difícil) no seu antecessor e aprimorou, sem dar a sensação de o jogo ser “quebrado”.

A visão da história continuava a mesma: pouca informação era dada sobre o mundo em que os personagens habitavam, apenas o necessário. O resto era contado através das descrições dos itens coletados e o jogo era praticamente aberto. Você podia escolher para qual local seu personagem poderia ir e seguir diferentes rumos da história, o que é muito interessante.

Diferente de alguns jogos em que o seu personagem seria o protagonista da história, na série de Dark Souls o mundo se torna a principal “personagem”. Já o jogador, é meramente um “Undead”, um ser humano que se torna um zumbi a cada vez que morre, amaldiçoado a perder sua sanidade. Porém, existe uma lenda de que um Undead seria escolhido para mudar o curso do mundo.

No começo havia apenas um mundo cinza, habitado por dragões, até o fogo surgir das entranhas do planeta. Lá nasceram os primeiros seres. Estes pegaram para si as chamas e fortaleceram suas almas, assim começando uma guerra contra os dragões. Após vencerem a guerra, esses diferentes seres trouxeram a era do fogo e construíram uma sociedade. Porém, a chama que mantém o mundo iluminado está se apagando e aqui entra a lenda do Undead escolhido. Este é o seu personagem, que pode ser criado da forma que você quiser, como classe, itens e armas de sua escolha.

Mais uma vez a From Software fica famosa por lançar um game com dificuldade alta e uma história intrincada e complexa e, mais uma vez, o game ganha prêmios e é aclamado, indo completamente contra a maré dos jogos da época que estavam ficando fáceis e sem muito desafio, Dark Souls é um jogo que te desafia, te faz pensar. Não basta ficar apertando botões e pronto, fim de jogo. Os inimigos retornam toda a vez em que o seu personagem chega em um “checkpoint”. Não há sistema de teletransporte até quase o final do jogo e, ainda assim, está apenas acessível em algumas áreas. Não tem modo fácil. É entrar nesse universo de Lordran e encarar os monstros e outros Undeads que estão pelo caminho com coragem e perseverança.

Após esse tremendo sucesso, Dark Souls ganhou dois sucessores: Dark Souls II e III. Ambos tiveram a supervisão do criador dessas joias, porém, Miyazaki nunca foi um fã de dar continuidade as suas obras, sempre preferiu criar novos universos. Bloodborne e Sekiro foram inteiramente produzidos pela equipe A da From Sotfware, contando com Hidetaka à frente dos projetos. Estes ganharam prêmios e continuam seguindo com a tocha que ele havia acendido em 2009 com Demon’s Souls. Agora é esperar o futuro e ver o que Elden Ring irá nos proporcionar!

Recomendo a todos os que gostam de um desafio experimentarem o Remaster de Dark Souls que saiu para todas as plataformas e então saborear um jogo difícil e desafiador que vai te deixar curioso para saber da história!

Ah, um último adendo: vale lembrar que um parente distante do nosso companheiro, Diego Ornstein, faz uma aparição magnífica em Dark Souls! Uma das lutas mais memoráveis do game é contra um dos quatro cavaleiros do Lord Gwyn, acompanhado pelo seu sanguinário rival, Smough; a luta é popularmente apelidada de Fatboy Slim, Biggie Smalls, Pikachu and Snorlax etc. Quando chegar nesse momento do jogo lembre-se de deixar um comentário nesse post para o parente de Diego!

svg 8 min de leitura

Eloisio Michalski Abreu

Músico e baixista da banda Scream Weaver. Quando não está no palco ou em estúdio, se mistura aos mortais com sua identidade secreta de professor de Inglês e Geografia. Leitor assíduo, é apaixonado por J.R.R Tolkien, Edgar Allan Poe, Neil Peart, Richard Bach, Friedrich Nietzsche, Stephen Hawking, H.P Lovecraft, J.K Rowling, Neil Gailman, Charles Baudelaire e pelos mangakas Mokona, Nanase Ohkawa, Kamome Shirahama, Kentaro Miura, Hiromu Arakawa, Daisuke Igarashi, One e Kaiu Shirai, fora outros que vc vai conhecer nos posts deste blog. Seu lado gamer não vive sem Final Fantasy e Dark Souls, muito inspirado pelos compositores das trilhas e roteiristas das histórias desses games. Se alimenta diariamente de Black Sabbath e do Rush, suas duas bandas favoritas, sem deixar de degustar altas doses de Iron Maiden, Ghost, Slipknot, Foo Fighters, Mastodon, Him entre outras bandas.

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