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Invincible: a morte da inocência

Todo Nerd já sonhou em algum momento como seria ganhar superpoderes, seja para ser herói, anti-herói ou até mesmo vilão. Ficar invisível, soltar teia pelas mãos, ler mentes, se transformar em um monstro ou um robô gigante.

As preferências de poderes se divergem, mas, inevitavelmente, os devaneios dos entusiastas de quadrinhos sempre deixam sua atenção se voltar para os poderes do Super-homem em algum momento: voar, ser invulnerável, ter uma força descomunal, muito além de qualquer outro super-herói ou ser vivo no universo.

Em Invincible, Mark Grayson é um jovem adolescente que não foge a esta estatística, porém tendo como bônus ser filho de Onmi-man, o maior super-herói que já existiu. Neste universo criado por Robert Kirkman, vindo de uma versão em quadrinhos para o serviço de streaming da Amazon como animação, revela um planeta Terra repleto de pessoas com poderes especiais, onde o próprio protagonista precisa lidar com as questões do cotidiano de um jovem comum. Como se não bastasse, junto a isto, ter o somatório de aprender a controlar seus poderes que começam a despertar, sofrendo a pressão de se igualar a seu pai perante os olhos do próprio público e de si mesmo.

A metalinguagem usada na animação inicialmente sugere o mundo dos sonhos dos super-heróis, como nos quadrinhos dos anos 80 e 90, onde o bom vence o mau em uma disputa politicamente correta, com um toque de violência, mas que de alguma forma no final tudo acaba bem, pois sempre no último momento o herói aparece para salvar o dia.

A intenção desta dialética, no sentido da palavra platônica processo de diálogo, deste mundo teoricamente perfeito, se concretiza com a imagem de um símbolo que percorre a tela inteira, com as cores e codinome do personagem principal “invencível” no suposto final do primeiro episódio.

(É necessário ressaltar neste momento que não existe a pretensão de fornecer spoliers, portando o assunto a seguir apenas trabalha com a sugestão cinematográfica retratada na animação, podem ficar tranquilos.)

Contudo, ainda com tempo de tela, uma última cena é mostrada antes dos créditos, cortando abruptamente todo o ar sonhador que fora construído cuidadosamente durante o decorrer do primeiro episódio, no que só poderia ser descrita como uma cena “tarantinesca” redigida por George R.R Martin em um de seus episódios mais violentos e sanguinários.

Já no episódio seguinte, depois de um prelúdio indicando as motivações iniciais do capítulo a seguir, novamente em tela cheia aparece as cores, símbolo, e nome do protagonista, com um detalhe, uma pequena mancha de sangue surge na borda inferior esquerda da tela, muito similar à gota de sangue no broche de Smile amarelo no quadrinho Watchman. Este talvez sutil detalhe, no que se refere a um bom entendedor, basta para captar a mensagem que a série animada quer passar.

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Diego Ornstein

Eu provavelmente sou eu mesmo, muito embora já tenha duvidado disso em mim algumas vezes. Designer, cinéfilo, apaixonado por gastronomia, Filosofia, mundo nerd em geral e, é claro, muita música. Pode me chamar para entrar e tomar uma xicara de café, mas bom mesmo seria um caneco de uma boa cerveja.

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